Dojo Kun

Dojo Kun Dojo Kun (Os cinco princípios éticos do Karate) HITOTSU JINKAKU KANSEI NI TSUTOMURU KOTO - Esforçar-se para formação do caráter saudável HITOTSU MAKOTO NO MICHI O MAMORU KOTO - Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão HITOTSU DORYOKU NO SEISHIN O YASHINAU KOTO - Criar o intuito de esforço HITOTSU REIGI O OMONZURU KOTO - Respeito acima de tudo HITOTSU KEKKI NO YU O IMASHIMURU KOTO - Conter o espírito da agressão indestrutiva ! ! !

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

HISTÓRIA DO KARATE

HISTÓRIA DO KARATE


ORIGEM DAS ARTES MARCIAIS





Existem grandes obras elaboradas, por filósofos de comprovada idoneidade que mencionam na China, a prática do Kung Fu, muitos milhares de anos antes de Cristo. No entanto, existem ainda, muita discordância a respeito de sua origem.

Pelo ano de 525 da era Cristã, atravessou a fronteira Chinesa, vindo da Índia, pelo "Caminho da Sêda", o 28º patriarca do Budismo que se chamava Bodhisatva Avalokitesvara Bodhidharma, (mais conhecido na China por Ta Mo), esse monge constatou a diversificação dos dogmas do Budismo Chinês e, em busca da Iluminação, ingressou no Templo Shao-Lin, na província de Honan e, pôs-se a meditar durante nove anos frente a um muro.

Terminando o período de meditação, tomado por um acesso de mística, Bodhidharma recodificou o sistema ginástico denominado Kung Fu, filosoficamente comparou-o aos movimentos dos animais e uni-o a um característico "modus vivendi" estreitamente unido a natureza. Na mesma época, revolucionou o pensamento budico (recatado) universal, redescobrindo a meditação como forma de redescobrimento do homem.

Mais ou menos mil anos após a morte de Bodhidharma, o Império Chinês foi invadido pelos bárbaros do norte, conhecidos como Manchus. A antiga dinastia dos Ming foi derrubada e seus oficiais esconderam-se no templo Shao-Lin.

A fuga dos Oficiais Ming para o templo Shao-Lin representou papel importante na historia do Kung Fu, lá praticadas, foram aperfeiçoadas e ganharam um caráter mais bélico e marcial. Adaptando-se inclusive, à utilização de diversos tipos de armas. Porém, por esse motivo o templo Shao-Lin foi destruído e, embora tenha sido reconstruído em outro local, foi novamente destruído, provocando a disseminação dessa luta através de toda a China.

Bodhidharma nasceu em torno do ano 440 em Kanchi, capital do reino sulista indiano de Pallawa. Ele era um brâmane de nascimento e o terceiro filho do Rei Simhavarman. Quando ele era jovem, ele converteu-se ao budismo, e mais tarde o Dharma lhe foi ensinado por Prajnatara, de Magadha, que foi convidado pelo seu pai. Magadha era o antigo centro do budismo. Também foi Prajnatara quem disse para Bodhidharma ir para China. Uma vez que a tradicional rota terrestre estava bloqueada pelos hunos, e uma vez que Pallawa tinha laços comerciais por todo Sudeste Asiático, Bodhidharma partiu de navio de um porto nas proximidades, Mahaballipuram. Depois de contornar a costa da Índia e a Península da Malásia por três anos, ele finalmente chegou ao sul da China ao redor do ano 475.

Nessa época o país estava dividido pelas dinastias Wei do norte e Liu Sung. Essa divisão da China numa série de dinastias nortistas e sulistas começou no início do Séc. III e continuou até o país ser reunificado sob a dinastia Sui no fim do Séc. VI. Foi durante esse período de divisão e conflito que o budismo indiano transformou-se em budismo chinês, com os nortistas de mente militarista enfatizando meditação e mágica e os intelectuais sulistas preferindo discussão filosófica e a compreensão intuitiva de princípios.

Quando Bodhidharma chegou à China, no fim do Séc. V, haviam aproximadamente 2 mil templos budistas e 36 mil clérigos no sul. Ao norte, um recenseamento em 477 contou 6,5 mil templos e aproximadamente 80 mil clérigos. Menos de 50 anos mais tarde, outro recenseamento feito ao norte aumentou esses números para 30 mil templos e 2 milhões de clérigos, ou cerca de 5% da população. Sem dúvida, isso incluía muitas pessoas que estavam tentando evitar impostos ou recrutamento ou que procuravam a proteção da igreja por outras razões não religiosas, mas claramente o budismo estava espalhando-se pelas pessoas comuns ao norte do Rio Yangtze. No sul, permaneceu muito confinado à elite educada até o Séc. VI.

ORIGEM E EVOLUÇÃO DO KARATE

- Os monges oriundos da Índia



A história do Karate perde-se no tempo. Formas de defesa pessoal que usavam os próprios membros como armas, foram vistas em muitos lugares do mundo em épocas bem distantes. A teoria mais aceita hoje sobre sua origem é a de que um monge – Daruma – vindo da Índia para a China teria trazido os ensinamentos de uma luta ao Mosteiro Shaolin.

Na China, sob a orientação de Dharma (Bodhidharma), e como os monges passavam muitas horas em meditação, permaneciam muitas horas imóveis, o que aliado aos meios de subsistência, faziam com que os monges se tornassem mais volúveis às doenças.

Então, Dharma, iniciou com estes monges a prática de uma atividade física, com o intuito de lhes estabelecer a força física e espiritual. Foi assim que nascia o Kempô e passado pouco tempo, pelas suas técnicas bastante eficazes, estes monges eram temidos principalmente pelos salteadores de estradas da época.

No século XIV, o Kempô foi introduzido em Okinawa. Lá se desenvolveu desmembrando-se em três escolas importantes, sendo elas: a Shuri-Tê, na cidade de Shuri, antiga capital onde a realeza e os nobres viviam; a Naha-Tê, na cidade de Naha e a Tomari-Tê na cidade de Kume.

Mais tarde, no século XIX, esta prática sofre algumas alterações técnicas, introduzidas por Matsumura, e passa a ser designada por Karate. Este trabalho foi continuado por Itosu Anko, Ginchin Funakoshi, Mabuni, Nakayama, Asai e tantos outros que continuam a desenvolver o Karate e criam novos estilos.

Ginchin Funakoshi, após uma apresentação pública de Karate no Japão, em 1922, passa a ser considerado o grande renovador desta arte marcial, uma vez que foi o primeiro a conciliar o Karate com os aspectos físicos do desenvolvimento humano.






- Okinawa – O berço do Karate-Do






Denominado pelos chineses de “Ryu Ryu”, estende-se por mais de 800 km, um vasto grupo de ilhas desde o promontório de Kogoshima (extremo sul do Japão) até a ilha de Taiwan (formosa).

Do centro desta grande ilha, de vários tamanhos, esparsas como poeira salpicando o mar, entre os arquipélagos menores Yiaciama e Myato, destaca-se Okinawa com 1.500 Km2, ocupando, sozinha, 53 % da superfície do Ryu Ryu.

“Oki”, oceano ou grande, “Nawa”, cadeia, corrente ou corda – em japonês – essa ilha tem uma centena de quilômetros de comprimento para uma largura de 30 a apenas 4 quilômetros – quando se pode ver o Mar da China a oeste e o Oceano Pacífico a leste. Seu aspecto é realmente o de uma corda nodosa flutuante.

Ao Norte, montanhas verdes e rugosas ou vulcânicas, belas encostas de corais, baías de águas límpidas e praias brancas e muito sol. Ao sul na parte mais baixa, campos de arroz, plantações de nananeiras e cana-de-açúcar e por todo o litoral pequenos pontos de pesca e pequenas aldeias.

É enganosa a tranqüilidade aparente do local. O inverno é ameno, o verão é terrível, sol forte e chuvas trazidas pelas “monções” (vento típico e periódico do sul e sudeste asiático) quase sempre acompanhadas por devastadores tufões.

A vida em Okinawa sempre foi rude. Para se adaptar ao meio naturalmente hostil e extrair seu alimento de um solo fino e impróprio ao cultivo, o habitante de Okinawa precisou forjar a vontade, a tenacidade e a engenhosidade – qualidade que teria que ter ainda em dobro em face de sucessivos invasores que pretendiam subjugá-lo, a todo custo.

O instinto de sobrevivência faria surgir recursos de resistência, técnicas de combate a mãos nuas (ancestrais do Karate) ou com armas improvisadas (ancestrais do KoBudo – Sai, Bo, Nuchako, Kama, Tonfa, Chimbe, Tekko, etc). Pescadores e agricultores de índole talvez pacífica conheceram uma história tumultuada sobretudo pela opressão dos poderosos chineses e japoneses. Pela preservação da própria individualidade e hostis a toda tentativa de integração, geração, acabaram por forjar a alma do povo okinawense, como uma Segunda natureza.

Hoje ainda, embora território japonês, Okinawa se sente muito diferente do restante do Japão.

De todas as etnias que vieram se fundir em Okinawa, o elemento puramente japonês foi provavelmente o último, introduzido a partir do século 14 – época em que a casta militar nipônica pretendia subjugar a ilha.

A situação geográfica fez com que o local sofresse, em todas as épocas, a influência de uma grande variedade de culturas, principalmente de seus vizinhos mais poderosos: China e Japão. Rota de comércio japonês, chinês, filipino ou malásio; ponto de escala e objeto de cobiça dos navios piratas vindo de todos os horizontes; entrada estratégica de toda região adjacente. Okinawa acumulou, por muito tempo – aliada a seu sofrimento de resistência – toda uma bagagem cultural e artística rica e fecunda.

Até o século 13, pouco se sabe sobre a história de Okinawa. A ilha encontrava-se retalhada por clãs rivais que se enfrentavam continuamente.

A figura de Shuten ou Shoto (senhor de Urasor) emerge como provável primeiro rei de Okinawa e que construiu um sistema de defesa fortificado do qual ainda restam vestígios. Esse fato histórico ainda marca o início da ascensão de uma de uma classe guerreira de nativos que iria se firmando e se individualizando.

No século 14, relações comerciais seguidas estabeleceram-se com a China, a Coréia, o Japão e, mais além, com Java e Sumatra.

Sabe-se que em 1372, o rei Okinawense Satto prestou voto de obediência ao Império chinês Ming (1468-1644), ao qual passou a pagar tributo. Em 1429, a ilha foi unificada pelo rei Sho Hanshu que, pela primeira vez soube reunir as velhas províncias de Chuzan, Hokuzan e Nazan. Era a época em que as grandes aldeias de Naha e de Shuri se tornavam cidades comerciais prósperas, entrepostos de todos os pontos os produtos do sudeste asiático e onde se acotovelavam japoneses, chineses, indianos, malásios, thais e árabes. É também nessa época que a China da Dinastia Ming, enviou importante grupo de artesãos e artistas – mencionados em antigos documentos como “As 36 Famílias”. Entre esses chineses, sem dúvida, encontravam-se indivíduos que tinham conhecimento tas técnicas de Boxe Chinês. São os primeiros vestígios de Shaolin Zu Kempo ou Chun-Fa importados” por Okinawa.

Mas nada permite afirmar que essa arte tenha oficialmente sido introduzida na ilha por verdadeiros mestres. Esse primeiro impacto, ainda superficial, deu-se provavelmente na pequena cidade de Kumemura onde estava instalada a parte essencial do grupo de imigrantes chineses.

Enfim, uma Quarta cidade, Tomari, passou a crescer e mais tarde a se constituir no centro de um estilo próprio de Karate (Shuri e Tomari hoje estão incorporadas à cidade de Naha).

Nessa época da história de Okinawa, situa-se um elemento capital que iria decidir sobre a orientação das Artes Marciais já conhecidas na ilha: a promulgação de um édito que proibia o uso, o porte ou a conservação de armas de qualquer natureza. Foram estas recolhidas em praça pública e estocadas em entrepostos severamente guardados, no intuito de desencorajar a menor tentativa de revolta. Atribui-se a promulgação da ordem ao rei Sho Hashi (1421-1439). A história é imprecisa neste ponto.

Em vez de, no entanto, se desistimularem, os oprimidos okinawenses viram no fato um motivo a mais para desenvolverem técnicas de combate apoiadas nas próprias mãos e em elementos de Chu-Fa (trazidos pelos chineses) ou a se bastarem com os instrumentos de uso doméstico de que dispunham, os quais seriam convertidos em novas armas (origem do Ko-Budo).

No início do século 17, o Japão saía de mais uma terrível guerra civil cujo vencedor foi o clã dos Tokugawa e o vencido o clã dos Satsuma, dirigida pela família Shimasu. O novo Shugun mostrou-se hábil em desviar o furor dos Satsuma, derrotados mas não destruídos, para a ilha de Ryu-Ryu; maneira astuciosa de livrar-se do inimigo e ao mesmo tempo estabelecer o controle japonês sobre uma ilha até então submissa à China (e talvez não pensasse também em preparar nova invasão à Coréia, pelo sul).

Precisamente ao dia 5 de abril de 1609, os Satsumas se atiram sobre Okinawa – que estava estão com meio milhão de habitantes – com uma frota a desembarcar 3 mil guerreiros. Okinawa caiu sob o julgo do clã invasor e assim ficou até o ano de 1879, data em que a ilha se tornou território japonês, incorporada ao Império de Matsu-Hito.

Logo depois desta ocupação surgiram as primeiras ordens de Ichina Shimazu. A mais importante delas reforçava as descrições antigas; ficava proibidas, pela Segunda vez, a posse de todo tipo de arma e qualquer prática de caráter marcial. Ainda mais: os invasores japoneses confiscaram todos os objetos e utensílios de ferro e desativaram as fundições. Pretendem alguns historiadores que, este fato ocorreu também por falta do minério por parte dos Satsumas rechaçados da metrópole.

Problemas elementares de subsistência não tardaram a surgir. Conta a história, que finalmente os nativos obtiveram do conquistador o direito de cada aldeia possuir, a disposição, uma única faca, presa a grosa corrente na praça central, guardada por dois soldados.

É certo que novamente os Okinaenses reagiram ao édito de Shimazu com forte espírito de resistência e vontade de sobrepujar a desvantagem imposta. Uma verdadeira eclosão de táticas e técnicas individuais de ataque e defesa fora a imposta; uma verdadeira eclosão de táticas e técnicas individuais de ataque e defesa fora a resposta. O século 17 completava o nascimento do To-De ou Okinawa-Tê, ancestral do Karate. “To” designava “China” e, por extensão de sentido, “continente”, “Te” significa “técnicas” em Okinawense e mais tarde significaria “mão” pelo idioma japonês.

A dominante das técnicas de combate a mão nuas era indiscutivelmente chinesa (ainda que, com o passar do tempo, se mesclasse com influência de outras) e reportava-se, no. essencial, à arte Shaolin – seus mais variáveis aspectos como os estilos dos animais, a ênfase à respiração e à força mental, a eficácia dos golpes desferidos nos pontos vitais do corpo. Em suma, as mesmas diretrizes do Kung-Fu.

Este último aspecto emergiria bem mais tarde, para tornar-se preponderante no século 19, seguindo assim com um pouco de atraso a mesma evolução conhecida pelo conjunto de Artes Marciais japonesas que evoluíram do Bugei (técnica de guerra) para o Budo (via da arte marcial).

A proibição de Shimazu, outra conseqüência inesperada, despertou não somente inusitado interesse pelas técnicas de combate como generalizou uma prática até então restrita a pequenas minorias. Foi a época de treinamentos enfurecidos em lugares secretos, geralmente à noite e longe dos lugares habitados, como nos rochedos, à beira mar, entre os discípulos de confiança. Este ambiente de “conspiração” continuaria praticamente até o final do século 19, uma constante no Okinawa-Te. Com receio de serem descobertos praticando a arte marcial proibida, os okinawenses optaram por não deixar registros escritos, e sim, por um ensino seletivo através da transmissão oral, assim como pelas “representações de técnicas letais, zelosamente oculto as em movimentos aparentemente inócuos (a mesma idéia fundamental que se encontra nos Katas)”.

O Okinawa-Te revivia, assim, a tradição dos monges do mosteiro Shaolin, que eram perseguidos pelo policiamento imperial. Tecnicamente sabe-se bem pouco desse período obscuro do Karate, exceto que pés e mãos (pontas dos dedos, antebraço, cotovelos, joelhos) tornaram-se armas eficientes e rápidas, capaz de substituir as lâminas banidas. Não havia lugar para estética e, também, não se pode dizer que os estilos já haviam se individualizados naquela época. É mais sensato situar no século 18 a formação de três estilos básicos de Okinawa-Te: Shuri-Te – denominações provenientes dos nomes das cidades nas quais eram praticados. Também não se pode afirmar que já se praticavam alguns Katas – embora algumas fontes citem o Passai (antigo Kata praticado desde o século 14) e o Koshiki-Naihanti (antiga forma do Tekki), cuja posição em “cavaleiro de ferro” se adequaria bem às necessidades dos habitantes da ilha de treinar sobre rochedos.

Em Okinawa houve uma verdadeira osmose (mistura) entre homens e seus meios.

Nesta época aperfeiçoavam-se as técnicas do Ti-Gua (ancestrais do Kobu-Do), denominação que se dava ao treinamento desenvolvido a partis do uso de instrumentos agrícolas ou pesqueiros, utilizados na vida cotidiana e que não eram de natureza a inquietar o policiamento japonês de ocupação. Essas técnicas se desenvolveram em nível de massa.

Okinawa-Te e Kubu-Do constituíram-se em um marco da civilização, pois foi a mensagem deixada por um povo oprimido, mas sempre motivado pela feroz vontade de independência.

Pouco a pouco, homens mais dotados emergiram dos vários grupos de praticantes, e se tornaram mestres, codificaram seus sistemas de ensino com conteúdos objetivos e subjetivos, que viriam a adaptar-se a todas as épocas e situações futuras (guerras, escolas, universidades, prática desportiva).






- Gichin Funakoshi – O pai do Karate-Do moderno






Ginchin Funakoshi nasceu em 1868, no distrito de Yamakawacho, em Churi, sede administrativa de Okinawa e faleceu em 1957, aos 89 anos em Tókio.

Filho de família tradicional, desde muito cedo se entregou aos estudos. Tornou-se poeta, estudou Confúcio e gozava de prestígio como perito calígrafo. Casado, foi professor de escola primária em Okinawa.

Começou a praticar Karate em Okinawa com o mestre Yasutsune Azato, um homem alto e dinâmico que tinha batido muitos homens na sua época e, insuperável na arte do Karate em toda a Okinawa, além disso, primava na arte de equitação, esgrima, e do manejo do arco. Treinou, também, com outros grandes mestres, tais como: mestre Ki, que, Kiyuna, que usando a mão sem proteção, podia retirar a casca de uma árvore viva numa questão de momentos; mestre Toonno de Naha, um dos eruditos confucianos mais conhecidos da ilha; mestre Niigaki, cujo extraordinário bom senso impressionou-o profundamente. Mestre Matsumura, um dos karatekas mais notáveis e Yasutsume Itosu, também, um dos mestres mais respeitados naquela época.

De físico pouco avantajado, Ginchin Funakoshi sofreu muito nos treinamentos. Treinou muito Kata Tekki (Naihanchi) que durante muito tempo foi a base da arte. Desenvolveu força golpeando o makiwara e treinando com chinelo de ferro.

Sempre foi costume que o aluno treinasse com um único mestre e nunca o deixasse, mas mestre Azato pensava que não deveria ser assim, razão pela qual enviava seu alunos para treinar com outros mestres. Com isso Funakoshi teve a oportunidade de treinar com os mestres já mencionados.

Ansioso de perfeição, sua imagem refletia o mais completo Budoka e seu ideal era conseguir todo bem resultante da prática do Okinawa-Te.

Funakoshi passava todo o seu tempo livre treinando na casa do seu mestre, e só ia à casa para trocar de roupa. Devido às suas saídas noturnas para treinar, muita gente pensava que visitava bordel. Mas, um dia, passou sobre a cidade uma forte ventania, e viram Funakoshi subindo num telhado e praticando a força de suas bases (posições). Chegaram a pensar simplesmente que estava louco. Nunca adivinhariam que este homem, professor pobre cuja mulher trabalhava numa granja para angariar dinheiro para a família, seria um artista marcial respeitado mundialmente.

Além de mestre de Karate-Do, era como já vimos, exímio poeta e quando escrevia os seus poemas usava o pseudônimo de Shoto, que quer significa ondas de pinheiro. Ele usava este nome porque a cidade nativa de Shuri, local do seu nascimento, era rodeada por colinas com florestas de pinheiro Ryu Ryu e vegetação subtropical. Entre elas estava o monte Toroa. A palavra Toroa significa “cauda de tigre” e era particularmente adequada porque a montanha era estreita e tão densamente arborizada que realmente tinha a aparência de uma cauda de tigre quando vista de longe. Quando dispunha de tempo, costumava caminhar pelo monte Toroa, às vezes à noite quando a lua era cheia ou quando o céu estava tão claro que se podia ficar sob uma cobertura de estrelas. Nestas ocasiões, podia-se ouvir o farfalhar dos pinheiros e sentir o profundo e impenetrável mistério que está na raiz de toda a vida.

Em 1922, escreveu o seu primeiro livro, ou seja, “KyuRyu Kempo: Karate, e nele fez a seguinte introdução: “Na profundidade das sombras da cultura humana oculta-se sementes de destruição, exatamente do mesmo modo a chuva e o trovão seguem na esteira do tempo bom. A história é o relato da ascensão e queda das nações. A mudança é a ordem do céu e da terra; a espada e a caneta são tão inseparáveis quanto as duas rodas de uma carruagem. Assim, o homem deve abraçar os dois campos se quer ser considerado um homem de realizações. Se ele for demasiadamente complacente, acreditando que o tempo bom durará para sempre, um dia será pego desprevenido por terríveis tempestades e enchentes. Assim, é importantíssimo que nos preparemos a cada dia para qualquer emergência inesperada.”

Em 1935, escreveu os seu segundo livro: “Karate-Do Kyuohan”. Neste ele deu ênfase nas técnicas de vários tipos de Kata.

Apesar de uma grande habilidade e boa reputação, a vida de Ginchin Funakoshi não era nada fácil. Naquela época ele tinha uma família para manter, e os professores não eram bem pagos. Na época ele foi designado diretor da Shobukai das Artes Marciais de Okinawa.

Em 1936, foi fundado o primeiro Dojo oficial de Karate, pelo Comitê Nacional e, devido aos feitos de mestre Funakoshi foi batizado com o nome de Shoto-Kan. Daí surgiu o nome de uma escola (estilo) que até hoje é cultivada em várias partes do mundo, a Shotokan, ou seja, Shoto, pseudônimo de Funakoshi, mais Kan, escola, formando Escola de Funakoshi.

O Karate que conhecemos hoje foi aperfeiçoado através de mais de sessenta anos pelo mestre Ginchin Funakoshi. Portanto, ele é considerado o pai do Karate moderno.






- Oficialização do Karate-Do na educação escolar de Okinawa






No começo deste século, mais precisamente em 1902, durante a visita de Shintaro Ogawa, que era então inspetor escolar da prefeitura da cidade de Kagoshima, à escola de Funakoshi em Okinawa, foi feito uma demonstração de Karate. Funakoshi impressionou bastante devido ao seu status de educador. Ogawa ficou tão impressionado que escreveu um relatório ao Ministro da Educação elogiando as virtudes da arte. Foi então que o treinamento de Karate passou a ser oficialmente autorizado nas escolas. Até então o Karate só era praticado de portas fechadas, mas isso não significava que fosse um segredo.

As casas em Okinawa eram muito próximas uma das outras, e tudo que era feito numa casa era conhecido pelas outras adjacentes. Enquanto muitos autores pregam o Karate como sendo um segredo àquela época, ele não era tão secreto assim (do mesmo modo que os Estados Unidos nunca penetrou no Camboja durante a guerra do Vietinã).

Contra os pedidos de muitos dos mestres mais antigos de Karate, que eram a favor de manter tudo em segredo, Funakoshi trouxe o Karate, com a ajuda de Itosu, até o sistema de escolas públicas. Logo, crianças estavam aprendendo Kata como parte das aulas de educação física. A redescoberta da herança étnica em Okinawa era moda, então as aulas de Karate em Okinawa eram vistas como uma coisa legal.






- O Karate-Do Shotokan chega ao Japão






O Imperador japonês Hihoshito, em visita à Okinawa, 1921, na qualidade de príncipe herdeiro, presenciou uma demonstração de Karate e ficou tão favoravelmente impressionado, que incluiu este evento em seu informe de governo.

No ano seguinte, o Ministério Japonês de Educação enviou uma carta ao governo de Okinawa solicitando que mandassem uma delegação esportiva de artes marciais ao Japão, onde ocorreria um festival de educação física patrocinada pelo mesmo. Ginchin Funakoshi foi escolhido para dirigir essa delegação. Alguns contestaram essa escolha, pois nesta época, Funakoshi já estava com 50 anos de idade e eles julgavam que seria mais sensato o envio de alguém com maior vigor físico. Na verdade, havia bons motivos para essa escolha: sua vasta cultura, seu reconhecimento sobre o Japão adquirido em viagens anteriores, sua sensibilidade poética, e principalmente seu grande domínio técnico do Karate.

Em assim sendo, ficou para nós a lição de que, em uma idade em que a maioria das pessoas pensa em aposentar-se, para Funakoshi havia chegado a aventura mais importante de sua vida.






- O missionário do Karate-Do Shotokan moderno






Chegando ao Japão, Ginchin Funakoshi, que foi contratado para ficar somente algumas semanas, foi alargando sua estadia, pois suas palavras e demonstrações surpreenderam tanto que criou à sua volta um grande número de admiradores que não o deixavam regressar a Okinawa. Entre eles estava Jigoro Kano, fundador do Judô moderno, o qual, além de dar-lhe hospedagem, cedeu-lhe uma grande sala do Kodokan para que ensinasse Karate. A vida de professor de escola havia terminado e ao mesmo tempo nascia o primeiro professor de Karate do Japão.

Sempre sabendo ser seletivo, Funakoshi, que queria que sua arte fosse tão conhecida e respeitada como o Judô e o Kendo, procurou ensinar seu sistema principalmente a médicos, advogados e estudantes universitários. Em pouco tempo o Karate ganhou grande fama, com isso vário mestres de Okinawa também imigraram para o Japão, entre eles: KENWA Mamuni trouxe o Shoty-Ryu, Chijun Miyiagi o Goju-Ryu. Só Funakoshi é que não deu nome ao estilo que praticava.

Em 1924, foi escolhido para ministrar aulas de Karate na Universidade de Keio. Seus ensinamentos foram recebidos com verdadeiro entusiasmo pelos estudantes. Alguns alunos de Funakoshi levaram suas palavras e técnicas para fora da Universidade. Desta maneira, o mestre chegou a supervisionar cinco clubes em Tókyo. No fim de 1939, ele financia a abertura do “Shotokan”, seu primeiro Dojo. Contam alguns que não foi Funakoshi que deu o nome ao lugar, e sim seus alunos, que diziam que treinavam na Escola (Kan) de Shoto (pseudônimo de Funakoshi), para poderem ser diferenciados dos outros sistemas.Finalmente, a sorte começa a sorrir para o Shotokan e seu criador. Já havia um Dojo e clubes nas Universidades, seu filho Yamagushi (Gigo) ajudava-o a ensinar e compartilhava as responsabilidades da Shoto-Kai, associação que criou para unificar a arte.

A guerra chegou, e o Karate teve uma grande paralisação na sua divulgação. Um dos seus melhores alunos, Takeshi Shimoda, faleceu e, pouco tempo depois também falece seu filho com tuberculose.

Ao terminar a guerra, o mestre já não ensinava, e seu Dojo estava quase que totalmente destruído. Todas as artes marciais praticadas no Japão foram proibidas por aproximadamente três anos pela força de ocupação.

Mas Funakoshi conseguira algo muito importante: o Karate foi aceito e passado a fazer parte do Budô japonês.






- A filosofia Budô






O que significa Budô? Vejamos: BU - quer dizer “guerreiro”, “samurai”; DÔ - que dizer “caminho”, o caminho do samurai. O principal objetivo dos guerreiros era vencer as guerras. Rigoroso preparo físico, técnico e mental era necessário, enfatizando ao que transcendia a matéria, afastando-os assim os desejos mais comuns.

Várias artes marciais faziam parte do Budô, embora tivessem técnicas diferentes, como o Judô, Karate-Do, Sumô, Aikidô e outras. Como arte marcial o Karate se faz respeitar através das seguintes imposições, tais como: as mãos e os pés do adversário não podem tocar o seu corpo; as técnicas defensivas devem ser traumatizastes; se o inimigo cortar a sua carne, deve quebrar-lhe os ossos e se ele quebrar-lhe os ossos, você deve matá-lo.

Segundo registros existentes, conta-se que o samurai transcende a “vida” e a “morte”, pois ele executa qualquer tarefa determinada, custe o que custar, esquecendo-se de si mesmo. Daí o rigor nos exercícios, a fim de conseguir unificar corpo e mente. Aqueles temidos guerreiros tinham como princípios básicos manter a mente tranqüila para, em qualquer situação, não perder a autoconfiança e ser sobretudo, útil à coletividade, cumprindo desta maneira sua missão e influenciando para que os outros, também, o fizessem.

O Budô é também, o caminho das artes marciais cujas técnicas são usadas para desenvolver o espírito, a mente e o corpo. Na prática, o respeito e as boas maneiras são fundamentais. Há o cumprimento de respeito ao entrar e sair do Dojo (local de prática) e no início e ao término da prática. Este procedimento, junto com a ajuda do professor, inspira amizade e compreensão. Assim, instintivamente, hábitos sociais apropriados são desenvolvidos entre todos os praticantes e professores, através da liberdade controlada de energias do dia-a-dia. Evita-se assim, agressões perigosas desnecessárias ao próximo, desenvolvendo o espírito de cooperativismo.

A filosofia do Budô se traduz também pela busca constante do aperfeiçoamento, autocontrole e na contribuição pessoal para a harmonização do meio onde se está inserido.

A filosofia do Budô sempre deu muita importância à percepção a à sensibilidade, uma vez que as técnicas que nela se baseia, visam essencialmente à conquista da estabilidade e da autoconfiança, através de treino rigoroso e vida disciplinada; ao desenvolvimento da intuição, no sentido de perceber o ataque do adversário antes mesmo do início do seu movimento e da capacidade de analisa o adversário, para prevenir-se contra supressas e à formação de hábito de saúde, como o uso da meditação Zen e a respiração com o diafragma.

A famosa expressão do mestre Funakoshi quando disse: “Karate Ni Sente Nashi”, explica claramente o objetivo do Karate, ou seja, conter, controlar o espírito de agressão. O Karate se caracteriza por procedimentos de respeito e de etiqueta.






- As conseqüências da guerra no Karate-Do






Finalmente o Japão cometeu um grande erro. O bombardeio das forças navais americanas em Pearl Harbor a 7 de dezembro de 1941 foi algo além da conta. Numa tentativa de prevenir que as embarcações americanas bloqueassem a importação japonesa de matéria prima, os japoneses tentaram remover a frota americana e varrer a influência ocidental do próprio Oceano Pacífico. O plano era bombardear os navios de guerra e os portas aviões que estavam no território do Hawaii. Isto deixaria a força da América no Pacífico tão fraca que a nação iria pedir paz para prevenir a invasão do Hawaii e do Alasca. Infelizmente, o pequeno Japão não tinha os recurso, força humana, ou a capacidade industrial dos Estados Unidos. Com uma mão nas costa, os americanos destruíram completamente os japoneses na Ásia e no Pacífico.

Uma das vítimas dos ataques aéreos foi o Shotokan Karate Dojo que havia sido construído em 1939. Com a América exercendo pressão em Okinawa, a esposa de Ginchin Funakoshi finalmente iria deixar a ilha e juntar-se a ele em Kyushu no sul do Japão. Eles ficaram lá até 1947.

Os americanos destruíram tudo que estava em seu caminho. As ilhas foram bombardeadas do ar, todas as cidades queimadas até o fim, as colinas crivadas de balas pelos cruzadores de guerra da costa, e então as tropas varreram através da ilha, cercando todo o mundo que estivesse vivo. A era dourada do Karate em Okinawa tinha acabado. Todas as artes militares haviam sido banidas rapidamente pelas forças ocupantes americanas.

Primeira uma, depois outra bomba atômica explodiram sobre as cidades de Hiroshima e Nagassaki. Três dias depois, bombardeiros americanos sobrevoaram Tókyo em tal quantidade que chegaram a cobrir o sol. Tókyo foi bombardeada com dispositivos incendiários. Descobrindo que o governo do Japão estava aponto de cometer um suicídio virtual sobre a imagem do Imperador, cartas secretas passadas para os japoneses garantindo sua segurança se eles assinassem sua “rendição incondicional”. O Japão estava acabado, a Guerra do Pacífico também, mas o pesadelo de Funakoshi ainda havia de acabar.

Então, Gigo (também conhecido como Yoshitaka, dependendo como se pronunciava os caracteres do seu nome), filho de Funakoshi, um promissor jovem mestre de Karate-Do no seu próprio direito, aquele que Funakoshi estava contando para substituí-lo como instrutor do Shotokan, pegou tuberculose em 1945 e morre enquanto teimosamente recusava-se a comer a ração americana dada ao povo faminto.

Funakoshi e sua esposa tentaram viver em Kyoshu, uma área predominantemente rural, sob ocupação americana no Japão. Mas, em 1947, ela morre, deixando Funakoshi retornar a Tókyo para encontrar seus alunos de Karate Que ainda viviam. Depois que a guerra havia acabado, as artes militares haviam sido completamente banidas. Entretanto, alguns dos alunos de Funakoshi tiveram sucesso em convencer as autoridades que o Karate era um esporte inofensivo. As autoridades americanas concederam, mas porque naquela época eles não tinham idéia do que Karate fosse. Também, alguns homens estavam interessados em aprender as artes militares secretas do Japão, então as proibições foram eliminadas completamente em 1948.

Em maio de 1949, os alunos de Funakoshi movem-se para organizar todos os clubes de Karate universitários e privados numa simples organização, e eles a chamaram de Nihon Karate Kyokay. Eles nomearam Funakoshi seu instrutor chefe. Em 1955, um dos alunos de Funakoshi consegue arranjar um Dojo para a NKK.






- A propagação do Karate-Do Shotokan no Mundo






A primeira idade de ouro do Karate, como tem sido chamada, ocorreu por volta de 1940, quando quase todas as importantes universidades do Japão tinham em seus clubes de Karate. Nos primeiros anos do pós-guerra, ele sofreu um declínio, mas hoje, graças ao entusiasmo dos que defendem o Karate-Do, ele é praticado mais amplamente do que nunca, difundindo-se para muitos outros países no mundo inteiro, criando uma Segunda idade de ouro.

Após a 2ª Grande Guerra, eram freqüentes as solicitações as solicitações das Forças Aliadas estacionadas no Japão para assistir a exibições das artes marciais. Peritos em Judô, Kempô e Karate-Do formaram grupos que visitavam as bases militares duas ou três vezes por semana com a finalidade de demonstrar suas respectivas artes. Conta-se que era grande o interesse dos membros das forças armadas pelo Karate, uma arte que estavam vendo pela primeira vez em suas vidas.

Em 1952, o Comando Aéreo Estratégico da Força Aérea dos Estados Unidos enviou um grupo de jovens e de oficiais ao Japão para estudar o Judô, o Aikidô e o Karate-Do. O objetivo era treinar instrutores de educação física e, durante os meses em que estiveram no Japão, eles seguiram um programa rígido, estudando e praticando intensivamente. O Mestre Nakaima, um dos discípulos de Ginchin Funakoshi, era o líder dos homens que ensinavam o Karate-Do Shotokan, considerava isso um grande passo adiante para esta arte. Por mais de uma dezena de anos depois, dois ou três grupos continuaram indo ao Japão todos os anos.

Esse programa de treinamento foi altamente considerado e começaram a vir grupos de outros países, além dos Estados Unidos. Vários outros países também solicitaram que fossem enviados instrutores de Karate-Do Shotokan para que se pudesse treinar em maior número de instrutores. Essa, sem dúvida, foi uma influência que ajudou a torna popular o Karate-Do Shotokan em todo o mundo.

O Karate-Do é, como sempre foi, uma arte de defesa pessoal e uma forma saudável de exercícios físicos; mas, com o aumento de sua popularidade, cresceu muito o interesse pela realização de disputas, como aconteceu com o Kempô e o Judô. Na sua maioria, devido aos esforços dos entusiastas mais jovens, onde, o primeiro campeonato de Karate-Do de todo o Japão foi realizado em outubro de 1957. Ele foi promovido pela Associação Japonesa de Karate e, no mês seguinte, a Federação dos Estudantes de Karate de todo o Japão promoveu um campeonato diante de uma audiência de milhões de pessoas. Além de serem estes eventos memoráveis, esses dois campeonatos despertaram um interesse maior ainda pela arte marcial em todo o país.

Hoje eles são realizados anualmente numa escala cada vez maior. E num grande número de países, competições semelhantes estão sendo realizadas. No topo de todos eles está o Campeonato Mundial de Karate-Do. As competições e a disseminação do Karate no exterior são os progressos mais significativos dos anos posteriores à 2ª Grande Guerra.






AS ARTES MARCIAIS NA SOCIEDADE ATUAL





- A PRÁTICA DAS ARTES MARCIAIS






Atualmente, a prática das artes marciais possui um papel significativo na sociedade. Diferentes tipos de estilos de luta expandiram-se e já não mais atende somente a um grupo de pessoas, e sim, a um número que cresce cada vez mais levado pelos variados motivos, que podem ser: a autodisciplina, a manutenção da saúde, a estabilidade emocional, a habilidade defensiva, entre outros.

É cada vez mais freqüente a presença de mulheres, crianças, jovens adultos, idosos e profissionais das mais diversas áreas nas academias, nas escolas, nos campos de treinamento e nos clubes que oferecem a prática das artes marciais e, conseqüentemente, da defesa pessoal.

A mídia tem sua participação na divulgação das artes marciais. As revistas especializadas nos diferentes tipos de luta, os vídeos com “ensinamentos” técnicos de defesa pessoal, as competições esportivas transmitidas pelas redes de televisão com muito sensacionalismo e dinheiro como prêmio.

Com o crescimento da violência e da criminalidade nos dias atuais, somada as proibições no país do uso de armas de fogo, fizeram com que a busca pela habilidade de autodefesa aumentasse, o que se tornou mais freqüente a prática de artes marciais. A procura das artes marciais como forma de defesa pessoal deixou de ser visto como uma prática inerente a apenas alguns segmentos da área da segurança como, por exemplo, as polícias e as empresas de proteção, para tornar-se uma atividade, de certa forma, necessária aos cidadãos comuns.

As pessoas buscam para si um sistema de defesa que lhe ofereça a sensação de segurança, o autocontrole e a eficiência desejada. Evidente que, com o treinamento se adquiri uma serie de melhoramentos em geral para a saúde.

Vários professores de arte marcial passaram a adequar os seus conhecimentos e treinamentos a prática da defesa pessoal para a tender aos interesses de seus alunos, deixando de dedicar-se somente aos treinamentos da forma tradicional.

Cursos e seminários são realizados por vários mestres de renome nacional e internacional em vários lugares do Brasil e do mundo, buscando difundir a prática das artes marciais e os conhecimentos técnicos inerente ao método de defesa pessoal para professores, instituições civis e militares.




“Se o adversário é inferior a você, então por que brigar?

Se o adversário é superior a você, então por que brigar?

Se o adversário é igual a você, compreenderá, o que tu compreendes... então não haverá luta.

Honra não é orgulho, é consciência real do que se possui”.

(Gichin Funakoshi - Meu estilo de vida. p.68. [SGF 1995]).



- O KARATE-DO NA EDUCAÇÃO E SAÚDE DA CRIANÇA






No mundo de hoje, os valores como disciplina, respeito e companheirismo são muitas vezes deixados de lado. Pai e mãe freqüentemente trabalham e, às vezes, não têm condições de ajudar a construir estes valores na criança, por não estarem sempre em contato com os filhos que, normalmente, passam seus dias em frente de uma televisão e/ou em contato com companhias inadequadas. E se têm condições, a prática do Karate-Do, funciona como uma continuidade da formação dada pelos pais. Além disso, as escolas, em geral, priorizam o aspecto intelectual dando menos ênfase aos fundamentos de educação moral, cujos ensinamentos estão voltados para o comportamento disciplinar e social.

Na prática do Karate-Do sob a orientação de instrutores qualificados trará benefícios inestimáveis para a criança, pois se ela for orientada e motivada, será um grande passo para se evitar o aparecimento de certos vícios, como o uso de drogas, bebidas alcoólicas, etc., nocivos a saúde.

Neste sentido, podemos dizer que a prática correta do Karate-Do auxilia enormemente na educação, formação e desenvolvimento da criança. Ela aprende a respeitar, prestar atenção e a se relacionar com os outros.

Com relação ao aspecto físico, ela estará sempre se exercitando, o que proporciona um melhor desenvolvimento corporal, contribuindo para uma vida saudável em todos os aspectos.

Quanto à saúde, entende-se como sendo o bem estar físico, mental e espiritual do ser humano, não somente o estado de ausência de doenças. No entanto, o Karate-Do é tido como um vetor de saúde, pois proporciona ao seu praticante em geral, os seguintes benefícios:

1) Aptidão física total – força, resistência, razoável flexibilidade articular e um sistema cardiovascular com bom nível de capacidade aeróbia.

2) Adequação psicossocial – desenvolvimento moral, sensação de bem-estar, redução dos níveis de ansiedade, auto-estima, melhoria da imagem física de si mesmo e auto-conhecimento.

São muitos os benefícios que podem ser obtidos da pratica correta do Karate-Do, e aqui passamos a enumerar alguns deles:

1) Manutenção da saúde e fortalecimento do fortalecimento do físico;

2) Estímulo à coragem para enfrentar obstáculos;

3) Respeito aos outros, bons costumes em relação ao meio ambiente, equilíbrio, boa postura e respiração correta que são estimulados pelas técnicas específicas tradicionais;

4) Incentivo ao aperfeiçoamento pessoal no sentido de tentar vencer os próprios limites, como os do medo, da desconfiança, da preguiça, da indecisão, etc.

5) Empenho e dedicação, exigindo o máximo do corpo e da mente, treinando com paciência e perseverança até fazer desses objetivos um hábito;

6) Estabilidade emocional. A situação de luta colabora eficazmente para sua conquista. Qualquer descontrole de emoções tem imediata repercussão no rendimento e na performance. Por isso é preciso dedicar-se com empenho para conseguir a necessária serenidade.

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